Bancos – Roubo institucionalizado
Um destes dias ao fazer um par de transferências interbancárias através do sistema de HomeBanking do banco onde tenho conta em Portugal, reparei que me era cobrado uma “taxa” – 1,75 Euros quando a transferência é feita imediatamente, e 1 Euro se a transferência for pré-agendada, parte de uma transferência regular (como um pagamento mensal, que se agenda para não se esquecer).
Depois de trocar uns emails com a gestora de conta que o banco em questão diz que é o meu contacto, acabei por ser esclarecido que não estava a ler correctamente o preçário e que esses custos estavam lá correctamente identificados – aos valores em questão acresce, obviamente, 4% de imposto de selo.
Depois de olha rápida vista de olhos pelos “Preçários” dos outros bancos a operar em Portugal, estranhamente não consegui encontrar um só caso em que as transferências interbancárias feitas pelo Internet não fossem pagas. Encontrei uma excepção- o BPI – de acordo com o preçário disponível hoje no site do Banco de Portugal todas as transferências feitas através do BPI online estão isentas de custos.
Serviços Mínimos Bancários
Enquanto procurava esta informação, encontrei a página do Banco de Portugal acerca dos Serviços Mínimos Bancários. A ideia parece-me interessante, mas há duas coisas cuja razão que não percebo:
- Transferências Interbancárias não estão incluídas, isto é, um cliente com uma destas contas tem de pagar extra para fazer uma transferência para outros bancos, mesmo outros bancos nacionais – isso significa que alguém que tem uma destas contas e não queira ter um custo extra para pagar a renda tem que procurar uma casa em que o senhoria tenha conta no mesmo banco. O meu principal problema com isto é que isto não contribui em nada para um mercado financeiro livre e aberto.
- Nem todos os bancos permitem aos seus potencias clientes abrir uma conta deste tipo, e dos nove bancos que disponibilizam este serviço apenas dois não cobram uma taxa anual (Caixa Geral de Depósitos e o BPI) – os restantes sete bancos cobram uma taxa anual próxima do máximo estabelecido pelo Banco de Portugal.
Está na altura de começar a redefinir os Serviços Mínimos Bancários, não como algo especial que alguns clientes podem ter direito, em situações especiais (se não tiverem nenhuma outra conta bancária, por exemplo), e passar a ser uma base de serviço que tem que ser sempre disponibilizada a todos os clientes, afinal de contas já não vivemos num tempo em que transferir dinheiro de um banco para o outro é uma operação complicada, e portanto, estes serviços deveriam oferecidos a todos os clientes a custo zero.
Não é como se os bancos não tivessem outras fontes de rendimentos, afinal de contas:
- quando investem o dinheiro dos clientes, recebem a comissão deles, ganhem os clientes dinheiro ou não.
- quando emprestam dinheiro a clientes recebem uma boa comissão no topo da taxa de referência que usam (normalmente, em Portugal, Euribor a 3 ou 6 meses).
- quando outras empresas utilizam os seus serviços para receber pagamentos cobram uma comissão.
- Pagam menos impostos que a maioria das outras empresas – não seria de esperar que dessem à sociedade alguma coisa em contrapartida por esses impostos reduzidos?
- não são necessariamente seguros para os clientes terem o dinheiro, basta ver os múltiplos exemplos em Portugal nos últimos anos – BPP, BPN, BES (e isto contado só os casos desastrosos, porque também existem outros que precisaram de ajuda do dinheiro dos contribuintes sem abrirem, de facto, falência).
Os serviços mínimos bancários deveriam ser um custo que todos os bancos deveriam ser obrigados a pagar pelo acesso aos clientes.
Source: Anarcodemocracia